Apresentação


Àqueles que já têm mais familiaridade com o tema do controle de armas, é natural a percepção de suas origens reais, estabelecidas como mecanismo de controle social, cujos vínculos com a segurança pública foram construídos de modo artificial. No entanto, para os que não possuem esse conhecimento prévio, acaba sendo fácil se deixar levar por uma profusão de números, estatísticas, estudos ou mesmo simples alusões genéricas que supostamente comprovariam, de modo “insofismável”, que o desarmamento é algo, não só positivo, mas essencial.

Isso ocorre, essencialmente, pelo fato de que, desde que o tema ganhou abrigo sob uma lei popularmente apelidada com o seu objetivo,  se  multiplicaram  e  foram  fortemente  repercutidas  no  Brasil compilações, teses e levantamentos de indicadores pelos quais se evidenciaria que, com a entrada em vigor daquela norma, toda a dinâmica  homicida  nacional  passou  a  ser  mais  branda.  A  partir  dela, conforme alegam essas produções, se os crimes não caíram – como originalmente chegou a se sustentar -, ao menos teriam aumentado menos. 

O grave problema com essa hipótese é que, do ponto de vista de metodologia científica, não haveria sequer meios de se a considerar como tal, pois os dados de observação de que derivam são falsos. Em outros termos, em todo o histórico de acompanhamento de indicadores homicidas no Brasil, não há um só intervalo que permita alcançar a conclusão de que restringir a circulação legal de armas tenha sido benéfico. 

O propósito deste trabalho é, de modo conciso e pontual, evidenciar, por uma análise crítica, pautada em números oficiais, indicadores criminológicos e metodologias de pesquisa, como os erros procedimentais cometidos em esforços favoráveis ao desarmamento anulam integralmente suas conclusões e, em vez de alçá-los à condição de argumentos científicos, deveriam, isto sim, conduzir à sua pronta desconsideração, em alguns casos até sob a pecha de que risíveis tentativas de manipulação. 

Por meio desta obra, o leitor será apresentado a um rol argumentativo apto a capacitá-lo à pronta contestação das fantasias mais comuns construídas em torno das restrições às armas, constatando que,  para  além  de  cobaias  de  um  experimento  social fracassado desde a sua origem, somos também alvo da manipulação e da deturpação dos resultados que sobre ela se estabelecem.